Os doentios X (A última parte)
X
Ao morto-vivo açougueiro,
Sânie e morte das carnes mortas e ascas,
Ensanguenta os cadáveres das dores,
És tu, um açougueiro, com que adores;
Uma carne hedionda como as cascas.
Na visceralidade má dos olhos,
Uma necrografia que enche o corte
Com o sangue molhado que se importe,
Fechas esse portão nos teus ferrolhos.
Ris com tanta maldade e já desfrutas,
Os mantos da infeliz vermelhidão;
És o mal de uma fábrica malsão
Entre as carnificinas muito brutas.
Oh dom da hediondez ao apetite!
Tu tens de desejar com sabor tétrico,
- Oh teste tenebroso, forte e elétrico
Ao sangrar e banhar... Que inda acredite!
Eu - um grande doutor das morbidezes,
Ensanguento, maldigo e já provoco,
Numa morfologia do meu foco
Só para ensanguentar tudo em mil vezes!
Viste visceralmente com uns homens,
Industria perversa e até maldita
Com os sangues carnívoros que cita?!
Quem queres assistir e agora vens?
Dou-te a mesa do almoço que desejas,
Almoça os putrefatos vermiformes,
Apesar dos sabores bem informes;
Que amas esse sabor e agora almejas.
Um enleio impudico enquanto enleia,
Sou médico macabro e doentio...
Que existe a morbidez de um doce rio,
Que eu verseje o terror bonito e leia.
É o fim da maldição aos açougueiros,
Violência brutal, emprego e vida!
Com nossa perversão mais pervertida,
Guardo os mortos necrófagos e inteiros.
Lucas Munhoz - (28/09/2015)