O VELHO
Nasci ontem,
Hoje estou vivendo,
Passivo, a vida me ver passar,
E amanhã a morte chegará.
Bem de manhã,
Não haverá vozes,
Apenas o dia por fitar-me,
E o sol por aquecer-me.
Do silêncio, a arrogância,
Do último suspiro de um velho,
Que no alvoroço da despedida,
Viu-se ainda moço.
Apenas a luz como testemunha,
E a alma como companhia,
Que logo órfão do meu corpo,
Inerte ficará.
Caminharei solitário,
Por entre o véu das estrelas,
E minha revigorada silhueta,
As nuvens irão moldá-la.