POBRE CORAÇÃO

Nas horas em que estou só,

Estou completamente eu.

Seque me reconheço

Assim como estou e sou.

Escrevo versos,

Como se nu estivesse,

Deitado sobre a areia, de braços abertos,

Absorvendo o magnetismo da Lua.

Sinto em meus dentes um desejo de carne

E em meus olhos,

O melhor sonho da nudez feminina.

Mordo os lábios, em ambas as partes,

Até que o sangue passeie sobre a língua,

Que mingua noção de prazer...

Penso ser o que nunca serei,

E brinco de “que assim seja”,

Quem não concordar em me servir,

Que me conceda a vontade de imaginar.

Quando estou só,

Estou amplamente vazio

E ao mesmo tempo,

Repleto de pensamentos.

Ouço o vibrar do vento

Roçando nas folhas da goiabeira

E o doce delírio faz minha cabeça girar.

Posso até viajar, ir para Londres,

E na neblina espessa

Escrever meu nome.

Erguer as mesmas torres

Que se tornaram ruínas.

Compor em qualquer idioma,

Roubar diplomas, requerer cargos,

Ter muito, e pouco precisar,

Além de duas mãos para redigir

E duas lentes para olhar.

Neste momento

De universal solidão,

Posso até ouvir bater

O meu deserto coração.

MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 26/09/2015
Código do texto: T5394779
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