Tempestade
Viram o que o vento fez na telha?
Voejar longe, leve como fosse folha;
Deixou em tantos abrigos lapsos, falha,
A casa que sempre fora segura ilha,
Agora é um chuveiro onde se molha...
A luz sumiu atrasando meu banho,
Escuro aproveitou pra entornar o vinho,
Claro é sempre escuro dormir sozinho,
Digo, há certa luz na lâmpada do carinho,
Mas, é bem que lego, nem sempre ganho...
A solidão serve tanto amargor que farta,
A sina escrevendo torto pela linha torta;
Nem sempre Maria escolhe qual Marta,
E só o devir vai dizer a qual está certa,
o vento que arrasou ninhos abre portas...
Após a tempestade, sabemos, a bonança,
Às vezes, após a afronta nasce a vingança;
Mas, aquele que nas consequências pensa,
Lega a justiça para Deus e nele descansa,
O Eterno é perito na arte da renascença...
Faz renascer a vida até de coisas mortas,
Quem tem o baralho é que dá as cartas;
Não carecemos ousadia de um de Esparta,
Só a confiança dócil no que nos conforta,
Areia fina escapa, quanto mais se aperta...
Viram na alma, o que o desamor fez?
Quando fotografava dois onde havia três,
A doçura misturada durante mais de mês,
se quedou mui amarga em face de um, mas,
qual o telhado, o tempo melhora, e se refaz...