QUE O LEMBRADO NÃO SEJA ESQUECIDO

                                                              
[para J.P.]
 
 
Nos olhos semicerrados
do menino,
o que há?
Muito do que sente
e não pode evitar.
É tão pequenino ainda...
Não sabe que nomes dar.

Conhece apenas um:
Medo.
Mas nem este sabe explicar.

Vasto como o mar escuro
ele se estende sobre o menino,
que os olhos não quer fechar...
Vigia seu cansaço e sono.
Imobiliza-o.

Adentrada madrugada.
A cama e o medo.
Dois adultos do menino se esquecem
E conversam, conversam, palream sem parar!
O corpinho inocente já caindo da cadeira,
O rostinho dormindo sobre a mão...

"- Paiê, vem me levá." 


 
[Inspírado em "Por que um menino morre chovendo?" , do poeta Péricles Alves de Oliveira.]



imagem: P.A.O.
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 25/09/2015
Reeditado em 14/12/2015
Código do texto: T5393752
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