O LUGAR QUE ME ACOLHE
Inferno,
O lugar que me acolhe.
Tantas vezes me expulsaram e fui rejeitado,
Enxovalhado em praça pública,
Apanhando de estranhos
Que ignoravam meu sangue real.
Carreguei pedras,
Levantei tantos muros,
Experimentei o chicote
No lombo suado.
Fui preso em troncos e celas
E até meus santos
Foram se indo devagar,
Mudando de nome e crença.
E eu,
Senhor de escravos,
Capturado e vendido,
Amargo a dor no bagaço da cana-de-açúcar.
Mas hei de fazer
Dessa terra minha casa.
Inferno,
O lugar que me acolhe.