Metamorfose
Lagarta ranzinza/
Vivia a lamentar/
Subia, subia sem parar /
As pressas no tempo/
A laranjeira do lugar/
Quando indagada/
Por dona Joaninha/
Por um segundo parou/
Olhou meio de lado e respondeu/
Se lastimando que ia se trocar/
Pro baile na flor/
Que ao fim da tarde iria começar/
Seguiu adiante/
Até a folha do galho/
Voraz comeu-a até se abaster/
Num instante/
Cansada, com sono já se enrolava/
Num lindo casulo/
Que passou uma semana/
Quando numa manhã de sol/
Veio renascer/
Suas asas vermelhas, azuis com tons amarelos/
Admirados pelos espelhos d’ água/
Alegria ímpar/
Vaidosa a fez ser/
Num seresteiro voo/
Procurou, procurou/
Um jardim dos quais grilos/
Vaga-lumes e cigarras/
Cantavam e dançavam/
Tão bela borboleta chegou/
No meio da festa/
Contagiada no ar/
Desceu valsando alegria/
No meio dos lírios e Açucenas/
Feito menina/
Princesa não parava de dançar/
Dizia a todos: Vida/
Vida é pra se amar/