CÃS

não temo a velhice

me apavora apenas a dor

de não ser de meu próprio castelo

senhor

não me assusta cair

receio apenas não levantar

e fazer do chão que já me foi servo

minha sala de estar

não temo esquecer

só não quero ausente alguém que me acuda

e ter que buscar no silêncio a resposta

para uma pergunta muda

por fim, não me assusta o fim

e sim mendigar por um novo começo

como se esses parcos dias eternos fossem

e não cobrassem certo preço.