PRENHEZ DE FOGO E BRAÇOS

Estamos perto da lareira.

O fogo do ventre é vermelho.

Os olhos são tudo,

uma tocha ardente

e mãos cegas.

Penetra-me!

Diz a voz do fogo

e seu púbis reclama.

A tocha! A tocha!

Arde a lareira

e seus pêlos.

Cospe! Cospe mais!

O centro do mundo gravita

grávido

prenhez de fogo e braços.

Bocas são pontas de aço

enquanto as labaredas

dançam.

Do livro O POÇO DAS ALMAS. Pelotas: ed. da Universidade Federal, 2000, p. 45.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/53912