ROTA PARABÓLICA

Meu senso é verso...

Verso solto, verso certo,

Verso reto ao reverso

dos poemas de concreto.

Capto vibrações das rimas

Quase sempre aliteradas

Pelas rimas das calçadas.

Na pontuação indecisa:

Ondas pulsam na saudade...

Mas não me rendo às realidades!

Qual uma abstração na tela

Traço rotas em aquarelas,

Numa "quase" primavera.

Verso feito de amor

Parabólica só de dor.

Senso meu é puro verso!

Verso hermético, verso aberto

Caibo sempre em novo verso.

Verso solto ao universo,

Já antevejo meu solfejo:

Notas dum céu encoberto.

Capto imagens das retinas

Num abraço de guarida

Ao cansaço das subidas.

Pelas bulhas aceleradas

Capto ondas das estradas...

E se às vezes resfolego

Inspiro o ar do universo

Pra fazer um doce verso.

(alquimia, eu confesso!)

Pelas rimas distraídas

Da poesia ansiosa

Sou radar, mesmo em prosa!

Varro pelo céu nublado

Ondas vindas do pecado

mesmo que não seja o meu:

E ao final do horizonte

Chovo lágrimas de sangue

Ao que nem aconteceu...

Parabólica pela vida...

deve ser sagrada sina

De quem ainda não morreu.