ÁGUAS TURVAS
ÁGUAS TURVAS
As águas turvas
Não são de enchentes
São de gentes
Cuja fronte se curva
Para tentar beber
O inexistente
Ali era rio
Agora nem fio
Foi-se qual a foice
Que ceifa vida
Liquida o líquido
E mata sem dó
O que sempre foi pó
E a terra ressequida
Entreaberta em feridas
Apenas enterra
O que já foi móvel
Um corpo embebido
Em água vermelha
Agora coagulada