ÁGUAS TURVAS

ÁGUAS TURVAS

As águas turvas

Não são de enchentes

São de gentes

Cuja fronte se curva

Para tentar beber

O inexistente

Ali era rio

Agora nem fio

Foi-se qual a foice

Que ceifa vida

Liquida o líquido

E mata sem dó

O que sempre foi pó

E a terra ressequida

Entreaberta em feridas

Apenas enterra

O que já foi móvel

Um corpo embebido

Em água vermelha

Agora coagulada

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 21/09/2015
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