De solidão, e só

Paredes que me apertam,

portas que se fecham.

Eu, em mim.

Arrancaram minhas pálpebras,

e o que me deram não vale a dor.

Janelas abertas sem vista.

É mais seguro, mas onde estão os outros?

Seguro pra quem?

A verdade é que nunca houve segurança...

Tranquem as portas,

fechem as janelas,

não abram os corações.

Só se for pra salvar a pele,

mas não essa que te cobre e sim essa que te empurra...

Só se for pra salvar da crise,

dos crimes que se comete contra si mesmo,

mas então não seria eu...

Haveria um ritmo de muros caindo,

ondas inundando pequenos porões?

Deveria haver,

e não teríamos mais tempestades.

A previsão só fala de chuva, chuva...

Se eu pudesse deter essa chuva...

Vidraça embaçada,

essa mesma que me arrancaram o toldo.

Esvazio-me,

por aqui o riso é fraco.

Vem de ventos inibidores,

imbuídos de pontos pulsantes,

encharcados.

Peso, peso, peso.

Frases de encharcados.

Restos.

Vazio.

Solidão.

Em mim,

mais

e mais.