Rio Noturno
Aquele rio,
cauda do longo vestido
que sobe até a noite.
É onde se derramam os cabelos
de prata da lua.
Aquele rio,
a placidez de um sonho.
De um sonho como um botão de flor
que mais ama o orvalho
a seu próprio desabrochar.
Aquele rio,
a indiferença do tempo,
que avança mudo mas implacável
ao redor das pedras
contrárias a qualquer cronologia.