Aviso da poesia
Sob as pedras,
na terra,
a poesia não pergunta se é dia,
as horas,
muito menos cumprimenta.
A poesia sempre quer que a libertemos.
Poesia é o que chamam
liberdade,
daí seu emprego inviável nos dias de todo dia.
Ela se esconde atrás dos relógios, nossos regentes
de duas batutas,
nesta sinfonia ávida, não obstante ordenada.
A poesia almeja ser lembrada,
por isso infiltra-se pelas paredes
brancas de esquecimento
e cria uma nódoa úmida,
um ponto cinza maculando aquilo,
mácula que se expande pelo teto, barreira de memórias, e,
gotejando,
nos desperta
para avisar que agora é tempo de não ser mais nada.