Liquidez
Há um corvo que grasna incessantemente
À espreita da minha melancolia.
Os girassóis estão sujos,
Os poemas nevoentos
E as frases criam muros
Que meus pensamentos não podem saltar....
As luzes me focalizam e, em foco, me ofuscam.
Vomito palavras apodrecidas e sem nenhum desejo de serem ditas,
Mastigo o tédio e o cuspo na calçada do teu pudor.
Sobre o asfalto nasce uma flor já desbotada,
Sobre a libido das coisas mundanas há uma culpa,
Um ódio, um incompleto silêncio.
Só nos bares as almas se acalmam e se compreendem,
A cidade rejuvenesce
E o corvo leva consigo o melhor de mim.