Perfil

À sordidez da terra estou recluso

e entrego a vida ao mais ingrato empenho:

tecer meu verso com bastante engenho

e olhá-lo em voo, como um pássaro intruso.

Me esgueiro atento pelo chão de tudo,

a vil matéria prima perseguindo,

para fazer do Rude o puro e lindo

cristal da lucidez, cruel, contudo...

Resido sob as folhas de um canteiro,

caminho à sombra de um trevoso espaço

que guarda a luz do meu incerto passo

e dessa forma acende o mundo inteiro.

Sou dono apenas deste corpo imundo

e nunca alcanço a glória tão renhida.

Não sei meu nome, nem que sou da vida;

que a identidade de um poeta é o mundo!

Marcel Sepúlveda
Enviado por Marcel Sepúlveda em 19/09/2015
Reeditado em 28/11/2015
Código do texto: T5387440
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