Orvalho de Silicone
A primeira manhã é sempre desconcertante.
Qual primeira vez do que que não é, afinal?
Apesar de isso já ter sido vivido algumas vezes.
O calor, as nuvens osculadas pelos primeiros raios
O gosto amargo da ressaca moral incrustado na alma
O desejo impossível suprimido de passar o dia na cama
A vontade irrealizável de ser pedra, árvore, poeira, lixo
Tudo que não sente, não pensa, não lembra, não projeta, não vê.
E o orvalho de cola quente gotejado em flores de plástico não sai da minha cabeça.