Orvalho de Silicone

A primeira manhã é sempre desconcertante.

Qual primeira vez do que que não é, afinal?

Apesar de isso já ter sido vivido algumas vezes.

O calor, as nuvens osculadas pelos primeiros raios

O gosto amargo da ressaca moral incrustado na alma

O desejo impossível suprimido de passar o dia na cama

A vontade irrealizável de ser pedra, árvore, poeira, lixo

Tudo que não sente, não pensa, não lembra, não projeta, não vê.

E o orvalho de cola quente gotejado em flores de plástico não sai da minha cabeça.

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 18/09/2015
Código do texto: T5386206
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