LARANJEIRAS
Pequena bela cidade
Grande em cultura e tradição
Trazes na história a lembrança
De teres sido chamada Atenas de Sergipe,
Por teres sido berço de muitos vultos honrados
Aqui nasceu João Ribeiro, Horácio Hora
És cercada de belos canaviais
Regados e adubados com o sangue dos antepassados
Sangue derramado por teus filhos
Que não estão na memória.
Anônimos!
Anônimos como aqueles que atualmente
Regam também com o próprio sangue
O solo que ainda é cultivado.
Amam-te os poderosos
Que se nutrem das tuas fartas tetas?
Que usurpam dos teus filhos o que lhes é de direito?
Que vivem da miséria daqueles que nada têm?
Não.
Amam-te sim, aqueles que nascidos de ti
E privados do teu leite
Sofrem por te veres em ruínas.
Amam-te sim, aqueles que não te deixam.
Que mesmo a sofrer estão firmados no teu solo.
Amam-te sim, aqueles que mesmo desnutridos
Por ter-lhes sido negado teu alimento
Agarram-se a ti e não se apartam
Na esperança de ver-te liberta.
Liberta destes que de ti se apoderam
Numa ânsia faminta
Em sugar o que tens de melhor.
Ah, linda cidade!
Que encantas e entristece a quem chega aqui.
Como não se encantar
Com essa beleza imensa da tua arquitetura!
Com a tua bela história!
Como não se entristecer
Ao ver o que tens de belo destruído!
Ao ver morrer aos poucos tantos anos de história!
Oh, medo!
Que se apague da memória
Aquilo que um dia fostes
E que hoje impedem-te de ser.
Clamam os teus filhos a tua liberdade
O direito de terem parte na tua herança
E ver-te crescer novamente
E poderes alimentar aqueles
Que realmente dependem de ti.