LARANJEIRAS

Pequena bela cidade

Grande em cultura e tradição

Trazes na história a lembrança

De teres sido chamada Atenas de Sergipe,

Por teres sido berço de muitos vultos honrados

Aqui nasceu João Ribeiro, Horácio Hora

És cercada de belos canaviais

Regados e adubados com o sangue dos antepassados

Sangue derramado por teus filhos

Que não estão na memória.

Anônimos!

Anônimos como aqueles que atualmente

Regam também com o próprio sangue

O solo que ainda é cultivado.

Amam-te os poderosos

Que se nutrem das tuas fartas tetas?

Que usurpam dos teus filhos o que lhes é de direito?

Que vivem da miséria daqueles que nada têm?

Não.

Amam-te sim, aqueles que nascidos de ti

E privados do teu leite

Sofrem por te veres em ruínas.

Amam-te sim, aqueles que não te deixam.

Que mesmo a sofrer estão firmados no teu solo.

Amam-te sim, aqueles que mesmo desnutridos

Por ter-lhes sido negado teu alimento

Agarram-se a ti e não se apartam

Na esperança de ver-te liberta.

Liberta destes que de ti se apoderam

Numa ânsia faminta

Em sugar o que tens de melhor.

Ah, linda cidade!

Que encantas e entristece a quem chega aqui.

Como não se encantar

Com essa beleza imensa da tua arquitetura!

Com a tua bela história!

Como não se entristecer

Ao ver o que tens de belo destruído!

Ao ver morrer aos poucos tantos anos de história!

Oh, medo!

Que se apague da memória

Aquilo que um dia fostes

E que hoje impedem-te de ser.

Clamam os teus filhos a tua liberdade

O direito de terem parte na tua herança

E ver-te crescer novamente

E poderes alimentar aqueles

Que realmente dependem de ti.

Silvia Pina
Enviado por Silvia Pina em 23/06/2007
Código do texto: T538568
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