Uma vida. Uma História
Pedaços de amor ficaram entre as lembranças
Desesperanças em minha memória silenciosa
Contam meus olhos parte das tristezas tantas
Desembocam as mãos a outra parte da história.
Quantos desenganos ao trilhar-me o destino
Como uma boa menina eu brinquei de amor
Não pude passar no corredor da esperança
Eu tinha apenas duas tranças, uma única flor.
Quando moça, na hora de vestir a linda noiva
Entre os acoites, em meus braços já chorava
Um filho faminto, degustando-me o peito
Deixando cair á flor da trança despenteada
Sobre os cascais procurava o meu anel de lata
Minha fita de algodãozinho cru amarrotada
A boneca de pano que trouxera o Papai Noel
O vestido velho de chita com cor da mortalha
Não me lembro ter encontrado nesta estrada
Um doce sorriso que demonstrasse o amor
Caminhei depressa sobre as ardentes brasas
Quando cheguei eu era tristeza, pranto e dor
Debrucei-me sobre a janela de um poço fundo
Espelhei-me nas águas cristalinas e tranqüilas
Tentei me atirar para viver em outro mundo
Com medo voltei á luta, e enfrentei a vida.
Os anos passaram e o tempo foi me ensinando
Um sorriso floresceu entre as flores do jardim
Cabelos brancos, olhos triscados, seios caídos
Corpo envelhecido. Missão cumprida. Fim.
Branca Tirollo