Urubu de lata
Sou tão velho
Como um urubu de lata
Coberto por escamas de prata
Atraco em castelos de areia
Vôo contra os cataventos
Procurando ostras que servem vinho
Venho vindo por maremotos
Me servindo de contratempos
Tantos sonhos armazenados
Na garganta dos infortúnios
Uma túnica de jade breu
A cobrir as feridas e defeitos
Ardo cada vez mais
Enquanto o mundo se desfaz
Eu comum em concreto
Desabo e alço vôo
De novo estou azul
Enquanto o mundo
Se desarvora
Vou curtindo versos
Na água lapidada dos vendavais