Renovação de um poeta

I

Ao te ver sair por aquela porta

eu fiquei sentado ali no chão

vi-te partindo sem querer assumir

a realidade daquele momento

de ter que ver cada impressão sua

em mim se desfazendo

à medida que você percorria seus passos

naquela paisagem da sua triste partida

até você virar um pequeno ponto

e eu não te enxergar mais pela estrada

fechou-se, então, a porta do meu coração

quis permanecer ali no chão

como uma pintura morta

em seus traços mórbidos

sem nenhuma emoção

o retrato de uma pintura mal acabada

numa tela desmanchada

II

Mas uma nova inspiração adentrou

por aquela mesma porta

em que eu te vi sair

numa arte inesperada

em novos traços

misturei cores, dei pinceladas

a meu próprio gosto

dei vida àquela pintura morta

e contemplei uma nova paisagem

que foi abrindo aos poucos

a porta do meu coração

até eu me erguer do chão

de uma tela estática,

sua partida foi também a causa

de se abrir outra janela para o mundo

minha vida em novos quadros

poesia revigorada

da renovação de um poeta

que por um tempo esteve mudo

numa pintura mal acabada

Via Poética
Enviado por Via Poética em 16/09/2015
Reeditado em 16/09/2015
Código do texto: T5383682
Classificação de conteúdo: seguro