Ritual - 09

Vem!

Vem desvendar os mistérios do meu corpo

Onde as sementes fertilizam os teus olhos.

Contempla o meu corpo e os eretos bicos

Destes seios que ávidos e impuros queimam

Vem!

Quero sentir neste fogo que arde, as volúpias.

Dos teus dedos a tocarem a harpa do meu ser

Quero as tuas mãos macias, impuras a desbravar...

O calvário destes meus desejos loucos e macabros.

Vem!

Sufocar os meus gritos torpes, hilários que ecoam!

No vazio desta frigida madrugada lúgubre que morre

Quero tua língua morna a descobrir em meu ventre

Os meus, os teus, os nossos ilimitados sádicos desejos.

Vem!

Quero os corvos de prontidão em risadas frenéticas

Pousados no peitoril das janelas desta nossa alcova

No céu raios de fogo rasgando as tenebrosas nuvens

E nessa fusão sarcástica, um ritual de ardor e cinzas.