INTITULAR

Ergo da terra, finco no chão

título cruz, suplício, lagar.

No poema que não existe deito uvas frescas

um leito seco onde havia peixes,

verde margem de vida abundante.

Poema que nasce rio descendo cava o próprio destino

: acresce estrias e abre epidermes no caminho

para toda sorte de coisas vivas.

Eu organismo o poema, molécula instante no tempo do chão.

Feito um rio, desço levado

na poesia que tem força de ser.

Na poesia que arrasta milênios

e numa só gota abarca configurações.

O rio nasce título, dor que não sente

- na do rio e a de toda gente.

Agora bebo o vinho pisado no lagar.

Sou bebedor do ausente, do insuflado onde o coração pensa

da prosa que nunca chega,

eu sou a mão esteiro que escreve: “sou o mar ausente”

Antônio B.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 15/09/2015
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