degustar o tempo
não degustar o tempo que passa
não contemplar os instantes que podiam deixar marcas
não fruir os momentos se eternizariam com graça
não fazer amor com a vida
é torná-la insossa e encharcada das tolices de não saber ou querer beber o cotidiano com fome
comer o cotidiano com sede
e se alastrar no vindouro erro
de mascarar
os vértices ocos
com as cores de viver equívocos
longínquos promíscuos velados
onde a saudade de ti mesmo se enquadra
por entre paredes divinizadas
sedentas
avarentas de um outro porvir de ti
a desenquadrar-se
a alastrar-se
a avolumar-se
como verme
no ermo caminho cego do teu cotidiano