degustar o tempo

não degustar o tempo que passa

não contemplar os instantes que podiam deixar marcas

não fruir os momentos se eternizariam com graça

não fazer amor com a vida

é torná-la insossa e encharcada das tolices de não saber ou querer beber o cotidiano com fome

comer o cotidiano com sede

e se alastrar no vindouro erro

de mascarar

os vértices ocos

com as cores de viver equívocos

longínquos promíscuos velados

onde a saudade de ti mesmo se enquadra

por entre paredes divinizadas

sedentas

avarentas de um outro porvir de ti

a desenquadrar-se

a alastrar-se

a avolumar-se

como verme

no ermo caminho cego do teu cotidiano

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 14/09/2015
Reeditado em 14/09/2015
Código do texto: T5382221
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