Eclipse
O cheiro forte do mar, nos becos imundos do cais
A lua, estrelas cadentes, fogueiras
Histórias que ao ar se lançam
nas trevas de horizontes perdidos
Amores rogados ao tempo
por Deus nunca me senti tão só
Amores jogados ao vento
Como dados rolados ao pó
Ao meu redor só algumas gaivotas
como o amor consome o corpo
e o torpor dói mais que o tempo
a sombra da saudade me cobre
sou cinza ao vento
espírito em eclipse minha carne padece
sou cinza ao vento
Só o sol vencerá a noite
e depois de curvará diante dela
só os sonhos te trazem até mim
com um estranho suor chego ao fim
mas não é só isso
a sombra da saudade me cobre
corpos queimados no chão
e chove depois do eclipse
como o amor consome a mente
corpos queimados no chão
e chove eternamente
*escrito em Americana no inverno de 1992.