A síntese da derrota
se eu sentisse mais, socaria a cabeça no muro para cessar
teria adrenalina o suficiente para doar,
vender e estourar minhas veias
tropeçaria no próprio pé amarrando um nó na ida e outro na volta
aprenderia fácil francês fluente e como não errar nas traduções do Mallarmé
nomearia todos os meus abraços e nas noites de sábado, vários ditados
faria um cordão de fio de nylon para cada dia da semana:
com cores, formas, tamanhos e diferentes significados.
diria que doentio é fantástico, se fosse de mim, para mim e comigo
regaria o que eu nunca misturei com estrume, terra ou sementes
assistiria meu passado todo e faria mil versos sobre como éramos diferentes
hoje com pesar no peito não dedico quase nada a ninguém
compreendi que não é à toa que ansiedade e ânsia determinam cada sentença
e que tempo vazio é oficina de armadilhas do pior dos demônios
de uma legião, o exército de um só, do tanque de guerra
da própria mente, do calor, da solidão e de mim