o sol despertador
eu não gosto de olhar o relógio
me sinto contando o tempo
e o tempo não tem dono
e se tivesse, não seria eu
eu queria que o dia inteiro
fosse dedicado
à manhã
com o sol brilhante das oito horas
(que parece ter o tom do recomeço)
a manhã se estende na madrugada
e o cromatismo entre os momentos
é a bruma da liberdade
liberdade que não tem idade
é o dom de viver mais um dia
alegria:
a qual a gente esquece
perdemos o aroma do café
e esquecem de tocar as mãos
antes de beijar
esquecem de guardar o celular
antes de chegar no bar
não se sabe
o que é direita e
e se perdem na esquerda
impeachment e panelaço:
o meu braço!
o povo tá perdido
o humor vendido
e a poesia é o vício
dos sonhadores
(que assim como eu)
acreditam
em outro início