QUASE MATÉRIA DE SAUDADE


 
 

Sinto saudades
saudades de todas
as minhas idades

Saudades das namoradas
que muito imaginei
e nunca namorei

Saudades dos beijos
que podia ter dado
mas só quase dei

Saudades dos afagos
que podia ter recebido
não sei porque renunciei

Saudades dos abraços
que foram desperdiçados
por pudor nos braços

Saudades das palavras
para quebrar o embaraço
que nunca falei

Saudades daqueles olhos verdes
que para mim piscaram
e nem acreditei

Saudades de andar de bicicleta
passar em frente da casa da menina dileta
como se para ela eu estivesse em oferta

Saudade de um tempo
em que muita coisa deixou de acontecer
sem deixar matéria para saudade

Saudades das oportunidades
que em dado momento tive
e jamais de novo terei

 
Coleciono
em zonas mortas
de minha memória
parcelas de vida
natimortas