Surgimentos...

A poesia que se faz dentro de mim

não sabe quase nada de amor.

Sabe muito de falta e de solidão, mas

para conviver bem, aprendeu a sorrir à-toa.

A poesia que se faz dentro de mim

decompõe-se na dor e na falta de alma.

Sabe ela que deveria aprender a fazer

malvadezas e peraltagens, mas não faz.

A poesia que se faz dentro de mim

não é pensada nem projetada, mas achada:

como quem sai por um caminho nunca antes

caminhado; e, de repente, da na poesia do dia.

A poesia que se faz dentro de mim

a ninguém faria falta se não nascesse.

Esta poesia que se faz dentro de mim

devia se aquietar e invernar para sempre!

É que estou sem tempo de fazer surgimentos!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 12/09/2015
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