MELINDRA DE FLANCOS ABERTOS

MELINDRA DE FLANCOS ABERTOS

Ela andava pedindo esmola

não vestia aquela dona

de si mesma

insegura segura sua mão

agora são duas

agora já são quase

três da manhã

ainda acordo meu passo

do espelho côncavo antigo

posto na entrada da sala

me olhava de vez em quando

momento algum

me perguntava

quando será que ela

estaria disposta

olhando-me por resposta

na pressa recursiva

de vingar o prematuro

que foi futuro

de seu corpo um dia

corredor de ventos

pensamentos erguem calafrios

perto do homem parado

de joelhos

onde um dos mesmos

segurava sua mão

sobre o queixo

o eixo da roda deverá

nunca anda depressa

sua voz permitia

a delicadeza

dentro da pele

de luar estética

frenética desenvoltura

moldura espelhada

da vontade de ter

o feitiço dela

inteira por dentro

é por isso que alguns

entre eles sorriam

alguns entre os quais

já diziam

suas gotas mágicas

que caem trágicas

querendo salvar-se

estou perdido no meio

dos selvagens

minha imagem viverá

até mais tarde

enquanto arde em febre

maldita

reflita se algum dia

olhou a ternura

da transa estúpida

do prazer rompendo

teus muros secretos

se foi esculpida

nos beijos loucos

querendo o sumo completo

de todo teu corpo?