ENIGMAS IRREDUTÍVEIS

A relação humana nunca cicatriza,

nunca dorme, nunca sofrega,

deixa sempre um teco a plainar

deixa sempre uma rebarba a traduzir.

As pessoas serão sempre eternas desconhecidas

nunca saberão de fato onde moram,

o que tramam, o que querem acolher,

o que querem na sua merenda do dia.

Gente é fruto bizarro, sem trava, nem cabresto,

nos olhamos achando que nos entendemos,

que nada.

Depois da morte ainda seremos enigmas irredutíveis

apesar de tentarmos nos fecundar

nos atracar, nos cerzir,

nos embalar na mesma vocação.

Você, eu, ela, ele, todos somos peças soltas de

um dominó sem dono,

todos somos partituras inacabadas esperando

algum sentido, alguma noção,

algum final feliz.

Podemos até tentar nos mesclar,

pode até parecer que deu liga,

pode até sinalizar que é por aí,

que nada,

Só o tempo dará a sentença,

e nos dirá que erramos no cheiro,

no recheio, na melodia,

no tempo que levamos ao fogo.

Podemos até berrar aos quatro ventos

o quanto somos fios da mesma meada,

o quanto somos filhos da mesma fagulha.

Podemos até ter a certeza de que

nos amamentamos na mesma teta um dia

que nada.

Você, eu, ela, ele, todos somos respingos

atônitos de algo que entendemos como vida.

Mas que de fato só compreende o vazio,

o tardio, o arredio.

E nada mais.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 11/09/2015
Código do texto: T5378981
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