PARA VIVOS APENAS
desça tu do teus cascos
inaugura teu silêncio na nova casa
o mormaço distorce e o sol abrasa
mas te manténs livres de carrascos
dispa-te do teu véu
mostra novamente tua verdadeira pele
para que tua faísca renasça e se revele
e não se entregue por qualquer guinéu
dança a dança com que sonhas
nem que te sangrem os dedos
nem que te transpirem os medos
quando pousares a cabeça na fronha
é assim que se rompe concreto
pelo desapego à dor que fustiga
pelo negar da causa que castiga
e deixar de viver a vida por decreto