Não tão longe do olho direito
João Vítor tem seis galhos de árvore
e já sabe que as aves genealógicas
pousam nas palavras.
João Vítor escreveu no auto-retrato de menino
que é um leitor
e que, além dos olhos marrons,
habita nele uma pinta
não tão longe do olho direito.
João Vítor tem seis galhos de árvore
e já sabe que a poesia
pode desver o mundo.
Enquanto minha voz de chamar a lua
brincava com o Menino do mato,
João Vítor desinventou meus olhos.
Ele sabe que a palavra pode ser aspirada pelo nariz
ou tocada pela pele.
João Vítor deu cheiro à palavra
enquanto eu via seus olhos aterrizando
para o voo solo de ave.
João Vítor vai destampar o mundo.