Memória
Sabe aquele verde de outro dia?
Sabe aquele azul de tempo bom?
Sabe o riso solto da alegria
E o coração aos pulos em folia?
Sabe aquela brisa em plena cara?
Sabe aquela chuva a nos molhar?
Sabe a brincadeira sem malícia
E o arrepio inteiro de delícias?
Agora são só quadros na parede
Água que seca sem saciar a sede.
Agora são pinturas que desbotam
Que ardem no tempo e em tempos vários se limitam.
Sabe aquela dor funda no peito?
Sabe aquele choro incontido?
Sabe aquele olhar vermelho em brasa
E o querer-se livre que se defasa?
Sabe o bilhete de despedida?
Sabe o beijo não dado em si perdido?
Sabe a sensação de ser sozinho
E o sofrer na busca de carinho?
Agora são só quadros na parede
Água que seca sem saciar a sede.
Agora são pinturas que desbotam
Que ardem no tempo e em tempos vários se limitam.