Doação

revestir-se

no véu genuíno

da catarse

escorrer,

em vez de pingar

involuntariamente

mover-se até céu

assim permanecer devagarinho

como quem estima detalhes

e degusta cada orvalho

-doce descansado-

hidratando uma flor

travestir-se de flor

branca, pintada, colorida

na plenitude breve de um dia

e no outro deixar ser terra

alcançar estrada

inebriar-se de ar

até despetalar poeira

virar o anônimo mito da própria jornada

para eventualmente

despertar poente

nas mãos encantadas do artista

como quem desdobra a madrugada

e se põe a farejar

o nada

mas sem perder a glória

do achado

depois se encontrar

no encontro das réstias das sombras

e esquecer tudo

tornar-se caverna

gruta

chuva

orvalho

tato, teia, flor.

Shauara David
Enviado por Shauara David em 09/09/2015
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