Na beira do mar...
Na beira do mar
Havia um menino
Mas ele não estava
Brincando de barquinho
Nem fazendo castelos de areia
Com seu baldinho
Ele estava deitado
Talvez sonhando
Com um mundo
Menos politizado
E mais humano.
Diplomacias separatistas
Mataram o sonho do menino
Que só queria dormir
Em uma cama macia
Ter uma infância sadia
E correr atrás da pipa
Ao invés de correr da polícia
(As vezes disso nem sabia
Que um dia se preocuparia)
Talvez pra ele
Tudo fosse uma brincadeira
Um jogo, como em: "A vida é bela"
Não se tratava de uma guerra
Mas sim uma travessia
E que no final, o prêmio
Seria ter uma moradia
Mas nessa aventura
Não houve final feliz
Nem estrutura que freasse
A maldade
Da humanidade
De pessoas sem compaixão
Que não tem a mínima noção
Da importância de uma criança
Frearam apenas a esperança
Ceifaram mais uma infância
E ao invés de estender a mão
Dilaceraram outro coração
Apenas por ser de uma diferente nação
Ainda tenho fé que um dia
Fronteira seja apenas linha
E não barreira
Pra que crianças
(de qualquer nação)
Juntem-se a outras
Para brincar como irmãos
Correr, pular, nadar
E não terminar
Com os sonhos morrendo
Na beira do mar.
((Poesia inspirada em Aylan Kurdi, menino Sírio encontrado sem vida na beira do mar e em homenagem a todos imigrantes e refugiados))