RASCUNHO

Claro

não passou de um drama barato

entre duas pessoas carentes

num vão qualquer

dessa vida bandida

editando o próximo ato

entre palavras reticentes

e pronto

o amor indigente achou casa e comida

claro

com tudo do bom

e do melhor

vertigens à parte

o mundo não foi o bastante

de tão pequeno que ficou

meu peito

e no afã de ser sereno

virei escravo

claro

essa foi a minha miragem

já a sua...

até hoje não sei direito

até hoje meu olho me engana

meu corpo não deixa

é um tanto raso demais

esse rio de desejo desfeito

onde a loucura rasteja

mas eu risco, rasuro, lamento

acendo a memória insana

na ponta dos dedos

claro

tudo em segredo

afinal de que serve um deserto

se não puder nele apagar

as pistas e enterrar anseios...

ROSE VIEIRA
Enviado por ROSE VIEIRA em 07/09/2015
Reeditado em 30/05/2017
Código do texto: T5374152
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