Os doentios V

V

Versos a uma história,

Na urbe singularíssima e macabra,

Olhas o osso da víscera na cova

Que o corte tenebroso do sangue abra,

O vírus antropófago inda prova.

A hetaira, a hediondez e as carnes mornas,

Tudo mais... Na prisão funérea e escura,

Que tu sofres a dor morta e retornas

Com uns rins viscerais, que o escarro dura.

A tristeza sucumbe além do choro

Que a vil desesperança também cansa,

Que eu vivo nos horrores e até moro

Cheio do sofrimento em carne mansa.

Inda horrível... O cérebro é funesto

Com corte visceral e horror pulsado,

Num teste brutalíssimo onde eu testo

Com vermes antropófagos do lado.

Nas vértebras mortais e machucadas,

Sabes dramatizar corretamente?

É a lição freudiana e não pancadas!

Quem cuida, dramatiza e nunca mente.

Deste-me umas cadeiras ao tremer,

Assistias os homens fedorentos

Com lavras do apetite e do prazer,

Fome, carnificina e sofrimentos.

Tudo é triste e profundo como o fim,

Sou um vate do mal contra a alegria!

Só podes lamentar a perda assim?

Já canto eternamente a alma sombria.

Para as aves sofridas e nojentas

Com ardor da cloaca e bichos feios,

Que és um dono, revelas e lamentas...

Porque tentas cuidar sem uns enleios!

Que nasce a morfogênese e o embrião,

Como o tempo da hebdômada e da espera...

Que os bebês nascerão e viverão

Com vida inda nascida enquanto gera.

Muitas carnes humanas e fedidas

Com homens putrefatos e cadeias,

Que derramas o corte contra as vidas

Ao sangue visceral que sempre enleias!

O que tu vês os pais tristes e mortos?

Escutas a verdade que o odor fede,

Eles são horrorosos para os portos

Que apodrecem e estão sem tanta sede.

Uma lágrima amena e um vil espanto,

Apodreces e morres entre o berro,

Quando eu já dramatizo, choro e canto

A tristeza de ti... Porque eu inda erro?!

Teus olhos da feição nas lavras sujas

Numa antropofagia do apetite,

Não hás de lamentar e nunca fujas,

O teu canibalismo é vil que eu cite.

Esse vírus genético e perverso

Que te mata e alimenta pelo cabo,

Sem o microrganismo do Universo

Quem sofres fortemente o sangue brabo.

Choras infelizmente no hospital,

Que tens a alma genética da bomba

Que é tênue, falecida e canibal,

Na doença horrorosa quando tomba.

Autor: Lucas Munhoz - (07/09/2015)

Lucasmunhoz
Enviado por Lucasmunhoz em 07/09/2015
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