O DESAVISO INTIMO

O DESAVISO ÍNTIMO

Era no intervalo

das horas de palco

que talco caído

na mesa de espelho

quase quebrado

espalhado

dividia sua vida ao meio

ponho-me a cantar

pra ser intera

na esteira

derradeira

viciada vida

que interna dizendo

coisas impossíveis

no crível momento

das rugas descendo

sobre a pele

encerre seus dias

num belo canto

onde acalantos de alados

plumados serão embalos

criados de tumba

ela desperta do profundo

olhando dentro si

ainda tenho amim

e mais ninguém se importa

qual a porta

dos travessos

que podem me dar outra chance

num lance decorado

com moedas atiradas

aos meus pés

se quer me importo

com isso

esse vestígio

delicado qualquer

este livro chegado ao fim

retiro a última página

será lida na viagem

que farei a noite

depois da presença

dos vultos

terem por vultos

ido embora

mudos da coisa paspalha

que tralha velha

ainda fala

querendo ser

tão jovem

quanto momentos

guardados

que ficam perdidos

amigos anfíbios

minha pele morna

está fria

minha agonia de verdade

agora entorna

depõe contra mim.