A INTEIRA METADE DO OUTRO
O corpo fechado
num pala de lã pura
escura de carbono
de sono perpetua
de quem aquece agora
o que o tempo lá fora
esperava pastando
ainda tem aroma de campo
que embala
quem monta
na chuva torrente
no estridente capim rasteiro
debaixo dos cascos
debaixo de cacos
indomáveis de vida
que a plena finura
se rasga na sina
postada no berço
onde fica quem
deserta de alma
chora prantos limites
de saudade
do que vai tropear
sem prestar no amanhã
que não tarda a vir
dizer sobre a sorte
que pode sorrir na noite
também pode
sorrir pra morte
num gole de trago
do passo por querer
ser passo firme
destemido compasso
de outroras vivas
diante de outroras
novas altivas
que gritam vácuos
sem pertencer
a nenhum mal
que se possa conhecer
por apelido mortal
na valentia
que traduz sua fonte
de soberbo homem
que tem um dever
do devir a ser
que o nome ofendido
deixado de lado
é infinito e belo
mas o elo cingido
a ferro no templo
cai por anel de véu
prematuro sobre ela
agora o escuro da estrada
não traz mais nada
do que um fresco
movimento
de folhas ao vento
mergulhando
nas poças úmidas
no limiar do afresco
que se põe no largo
destino moldura
figura a frente
só me deixa pensar
quando voltar
esta poeira cantará
versos composto
trilhando dispostos
sentidos
querendo estar com ela.