REFUGIADOS
REFUGIADOS
A casa é de compensado
Resto de construção
O telhado é de plástico preto
Ou cimento amianto cinza
A maioria é preto
O vaso não é sanitário
O desaguadouro é córrego
Só merda, até que chova
A merda nem é muita
Já que a comida é pouca
A água salobra
Crianças insalubres
São muitas
Bichos também
A maioria domesticados
Pelos que lhes querem “tão bem”
Assistem novela que os louvam ou love
Não importa que não os amem
Afinal o paraíso é pra inglês “vê”
Os salários são mínimos
As bolsas são muitas
Os sonhos são poucos
Órfãos são todos
Da sociedade das cidades
Que não os adotam
Mas os arrotam
Em estatísticas mil
Que dizem ser a nova classe média
Da parte apartada do Brasil
Caberia ao final um palavrão
Rimado, gritado
Tudo em vão
Refugiados não são
Eleitores são