REFUGIADOS

REFUGIADOS

A casa é de compensado

Resto de construção

O telhado é de plástico preto

Ou cimento amianto cinza

A maioria é preto

O vaso não é sanitário

O desaguadouro é córrego

Só merda, até que chova

A merda nem é muita

Já que a comida é pouca

A água salobra

Crianças insalubres

São muitas

Bichos também

A maioria domesticados

Pelos que lhes querem “tão bem”

Assistem novela que os louvam ou love

Não importa que não os amem

Afinal o paraíso é pra inglês “vê”

Os salários são mínimos

As bolsas são muitas

Os sonhos são poucos

Órfãos são todos

Da sociedade das cidades

Que não os adotam

Mas os arrotam

Em estatísticas mil

Que dizem ser a nova classe média

Da parte apartada do Brasil

Caberia ao final um palavrão

Rimado, gritado

Tudo em vão

Refugiados não são

Eleitores são

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 06/09/2015
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