Calendário
Hoje já é janeiro no meu sonho!
Lá vem você com aquele olhar risonho
de quem bebeu amor o ano inteiro.
A sua mão, na minha mão caduca,
aperta forte, como quem machuca,
até que o sol aqueça fevereiro.
Olho os seus olhos como sempre faço
e sinto o gosto das águas de março
a celebrar uma visão de abril.
A minha mãe sentada no quintal,
o branco dos lençóis sobre o varal,
o sol, forjando raios de soslaio,
pra aquecer meu coração-criança.
Esta visão visita-me a lembrança
quando abril estende as mãos pra maio.
Ao som de um violão, cai a neblina!
Um cisco cai no olho da menina
e enseja o choro que jamais caiu.
Aquele choro que molhou seu punho
e só secou quando o luar de junho
chegou ao céu a desfilar orgulho.
Seu coração de férias da escola
batia leve qual jogo de bola
na areia branca da manhãs de julho.
O sol se pôs um tanto a contra-gosto
como se julho não quisesse agosto,
feito um poeta que rejeita a rima.
Mas tinha um colibri, inda relembro,
um beija-flor das flores de setembro
luzindo cores feito obra-prima.
Um girassol tingia o chão de rubro
como sangrasse o solo de outubro
pra transfundir os dias de novembro.
Hoje já é janeiro! O que eu faço!?
Preciso urgentemente de um abraço,
antes que o sonho morra em dezembro.
Hoje já é janeiro no meu sonho!
Lá vem você com aquele olhar risonho
de quem bebeu amor o ano inteiro.
A sua mão, na minha mão caduca,
aperta forte, como quem machuca,
até que o sol aqueça fevereiro.
Olho os seus olhos como sempre faço
e sinto o gosto das águas de março
a celebrar uma visão de abril.
A minha mãe sentada no quintal,
o branco dos lençóis sobre o varal,
o sol, forjando raios de soslaio,
pra aquecer meu coração-criança.
Esta visão visita-me a lembrança
quando abril estende as mãos pra maio.
Ao som de um violão, cai a neblina!
Um cisco cai no olho da menina
e enseja o choro que jamais caiu.
Aquele choro que molhou seu punho
e só secou quando o luar de junho
chegou ao céu a desfilar orgulho.
Seu coração de férias da escola
batia leve qual jogo de bola
na areia branca da manhãs de julho.
O sol se pôs um tanto a contra-gosto
como se julho não quisesse agosto,
feito um poeta que rejeita a rima.
Mas tinha um colibri, inda relembro,
um beija-flor das flores de setembro
luzindo cores feito obra-prima.
Um girassol tingia o chão de rubro
como sangrasse o solo de outubro
pra transfundir os dias de novembro.
Hoje já é janeiro! O que eu faço!?
Preciso urgentemente de um abraço,
antes que o sonho morra em dezembro.