Mistério

Ambientei-me nas angústias e nas dores

Senti-me bem, junto dos bichos de Barros

Fingi não ser eu que estava ali

Vi um mundo úmido, inóspito e sem cores

Formulei novas resoluções para velhos problemas

Passei fome e frio e solidão e desesperança

E ao ser lançado num abismo imenso

Vi-me abandonado na candidez da infância

Pairando entre o medo e a coragem abrupta

Preso em um calabouço pútrido, fétido

Alimentava-me pouco, com carne crua

Se não houve Mistério, um Mistério eu faço!

E de madrugada ao contemplar a Lua

Escondo meus sonhos, sob portas de aço.

Gilmar F. Martins