O segundo seguinte
Ando ofegante com o segundo seguinte
Esse, antes de vir, faz surgir um instante de brilho
E na dúvida se é realidade ou delírio
Meus olhos se embrulham, focam no nada
O próximo instante, sempre uma selva
Serpentes, gente que não é da gente
A construção do entender, o instante seguinte
Nada se pode fazer, a não ser participar
Deixando ele conduzir, naquele instante
Tudo pode ser e acontecer, e isso me deixa ofegante
O medo do tempo futuro ser como o agora
Ou pior, que o passado se repita, aquém dos sonhos
Além dos pesadelos, entre o meio, o ser
De palavras cansativas, cansado de dizer
E o segundo seguinte, a espera de dar o bote
E arrancar o que restou da percepção do mundo
Entre o ser que observa o mundo devorar o segundo
Ao se mexer, tudo passar e acontecer
E esse movimento que só leva ao sofrimento
E tão tão sutil, que o segundo de brilho
Que passa mais rápido que um segundo normal
É tão intenso que consegue nos convencer
Que as horas só passam boas, aos bons
Que fazem das horas do agora, o seu momento de prazer