Naquela praia
Não há naquela praia nada que lembre alegria,
não há brinquedos, nem guarda-sol colorido,
pois até mesmo o sol não quis ser cúmplice,
e escondeu-se por medo ou por horror a tal cena.
Na fria areia, a linda criança deitada,
não cata conchinhas na beira do mar,
não brinca com barquinhos de papel,
nem constrói belos castelos de areia,
ela é somente uma infância ceifada,
crueldade do mundo que não chegou a entender.
Enquanto burocratas insensíveis divagam,
pequenas embarcações naufragam,
repletas de sonhos e vidas sem sentido,
e esses náufragos desesperados buscam,
somente um socorro, dias melhores,
tola utopia que os mantém vivos.
Mas a esperança, como um animal encalhado,
sem pátria, sem rumo, sem futuro,
também morreu, solidária, naquela praia.
Inspirei-me sobre o tema, ao ler o poema "As crianças mortas me chegaram a praia" da Poetisa Recantista, Zuleica dos Reis, a quem agradeço e parabenizo!