Naquela praia

Não há naquela praia nada que lembre alegria,

não há brinquedos, nem guarda-sol colorido,

pois até mesmo o sol não quis ser cúmplice,

e escondeu-se por medo ou por horror a tal cena.

Na fria areia, a linda criança deitada,

não cata conchinhas na beira do mar,

não brinca com barquinhos de papel,

nem constrói belos castelos de areia,

ela é somente uma infância ceifada,

crueldade do mundo que não chegou a entender.

Enquanto burocratas insensíveis divagam,

pequenas embarcações naufragam,

repletas de sonhos e vidas sem sentido,

e esses náufragos desesperados buscam,

somente um socorro, dias melhores,

tola utopia que os mantém vivos.

Mas a esperança, como um animal encalhado,

sem pátria, sem rumo, sem futuro,

também morreu, solidária, naquela praia.

Inspirei-me sobre o tema, ao ler o poema "As crianças mortas me chegaram a praia" da Poetisa Recantista, Zuleica dos Reis, a quem agradeço e parabenizo!

Leir Rodrigues
Enviado por Leir Rodrigues em 04/09/2015
Reeditado em 04/09/2015
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