comboio de gente...
Meu peito é um circo,
coberto com lona
imunda e rasgada...
Uns vêem a alegria,
outros apenas a tristeza.
Eu já não ando vendo nada.
Meu peito é um céu
nublado e distante,
mundo ilusório...
Uns vêem esboços de anjos,
outros, um cinza de chumbo,
Eu vejo um céu conspiratório.
Meu peito é uma rua deserta,
com domicílios fictícios,
num beco sem saída...
Uns desistem e ficam,
Outros batalham e tombam,
Eu me escondo nessa casa caída.
Meu peito é árido, ora úbere.
Sei fazer a guerra de tiros,
sei lutar com os vocábulos...
Aonde uns ouvem os tiros,
outros plantam seus mortos
ocultos em taciturnos óculos.
Meu peito é terreno de mangue,
serpentes d'água e caranguejo,
ilhado por paredões barreados...
Uns achegam e enfiam a mão,
Outros não acham mais os vãos,
e todos em comboio, ajoelhados.