Das Obras Clássicas

O sujeito

propôs um verbo,

e nas entrelinhas

haviam tantos

parênteses...

que não houve a

permissão para

recorrer a um novo

parágrafo

O discurso não

era mais tão

interessante

ou talvez fosse

necessário

entender melhor

o seu conteúdo

Foi considerada a

generosidade em

prosseguir com

pontos continuativos

...

Talvez até fosse possível

um parágrafo final perfeito

e este seria elaborado

com um primoroso

desfecho neste

quase texto ideal

Mas o desenvolvimento

foi apresentado

por vírgulas e

muitas pausas em

explicações enumeradas

exaustivamente

E não havia em

nenhum momento

reticências...

Nada que pudesse

ser refletido ou

deixado para depois...

Havia o uso de uma

linguagem contundente

e incisiva

Às palavras

que definiriam a atuação

dos protagonistas,

não foi possível o uso

do trema ou a separação

por hífen,

descaracterizando

desta forma,

a autenticidade e a

fala dos personagens

A gramática

não concedia

nenhuma parceria

Era tudo tão

inexato e vulnerável...

Nada mais restava

como recurso

para continuar

aquele discurso

Desde o início já

havia o reconhecimento

da inaptidão para

escrever algo

que inevitavelmente

seria incompleto

...

É assim

que se escreve

obras clássicas inacabadas

Erica

Ricaeh
Enviado por Ricaeh em 03/09/2015
Reeditado em 26/02/2023
Código do texto: T5369336
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