Das Obras Clássicas
O sujeito
propôs um verbo,
e nas entrelinhas
haviam tantos
parênteses...
que não houve a
permissão para
recorrer a um novo
parágrafo
O discurso não
era mais tão
interessante
ou talvez fosse
necessário
entender melhor
o seu conteúdo
Foi considerada a
generosidade em
prosseguir com
pontos continuativos
...
Talvez até fosse possível
um parágrafo final perfeito
e este seria elaborado
com um primoroso
desfecho neste
quase texto ideal
Mas o desenvolvimento
foi apresentado
por vírgulas e
muitas pausas em
explicações enumeradas
exaustivamente
E não havia em
nenhum momento
reticências...
Nada que pudesse
ser refletido ou
deixado para depois...
Havia o uso de uma
linguagem contundente
e incisiva
Às palavras
que definiriam a atuação
dos protagonistas,
não foi possível o uso
do trema ou a separação
por hífen,
descaracterizando
desta forma,
a autenticidade e a
fala dos personagens
A gramática
não concedia
nenhuma parceria
Era tudo tão
inexato e vulnerável...
Nada mais restava
como recurso
para continuar
aquele discurso
Desde o início já
havia o reconhecimento
da inaptidão para
escrever algo
que inevitavelmente
seria incompleto
...
É assim
que se escreve
obras clássicas inacabadas
Erica