MELANCOLIA
MELANCOLIA
Aos poucos vão se abrindo as gavetas
E delas vão surgindo as recordações
Que pareciam de tempos perdidos
Quase até parece, não vividos
Mas que afloram e mexem com emoções
Há tanto guardadas, emboloradas
Mas vivas como o que
Um papel com uma letra desenhada
Da mãe viva e deslumbrada
Uma foto amarelada
Mas um amarelo ouro
Um menino sorridente
Com falha nos dentes
Com aquele homem magro
De pernas tortas
Com um x na frente do bigode
Parecendo muito feliz
Com seu aprendiz
Um desenho pintado
Ou melhor, rabiscado
Com cores espalhadas
Como se o mundo fosse colorido
E jamais sofrido
Um binóculo com foto
Daqueles que não mais existem
E a foto está lá
Naquela praia inesquecível
Como se única fosse
E naquele momento
O era mesmo
E surge desse emaranhado
Uma calculadora
Que incrivelmente ainda calcula
Mas que não sabe fazer a conta
De quanta saudade
No peito se acumula