Os doentios III
III
À necrofagia,
Vede o palor da podridão que fede,
Necrofagia celular e morta...
Como o defeito tenebroso corta?!
Olhai o vírus ovular da sede!
Perda dos átomos sem cura ainda...
Que hás de chorar sangrentamente em medo,
Dize-me as coisas que atormentas cedo
Para o hospital e a intensidade vinda.
A tua hebdômada da triste vida,
Tu feres tudo horrivelmente ao sangue
Com teu escarro singular que zangue,
Ah que tristeza da visão perdida!
Com que as moléculas enleiem mais
Para explodir com violência humana...
Falta de células! Que a dor se dana?!
Tantos horrores das fusões mortais.
Como a epigênese do vírus vivo,
Sofre o cardíaco que vens pulsar
No dramatismo singular do olhar,
Sofro a emoção o que eu ainda avivo.
Mas sinto muito... Oh sofrimento intenso!
Levas o choque cardial e acordas,
Para que as células canais das cordas
Voltem assim... Porque eu lamento e penso.
Oh tua carne da miséria amena!
Um ser fedido, cabuloso e vil,
Foi-se a tristeza do maior covil
E o coração da adoração em pena.
Que nem Freud dramatizou deveras,
A dor necrófaga, horrorosa e tosca,
O olho roído entre o jantar da mosca...
Por isso sangras a visão e esperas!
Sofro, apesar do acolhimento amado,
Perde-se o peito e o sentimento puro,
Microrganismo canibal do furo!
Que hás de sofrer canibalmente em lado.
O lodo pútrido no corpo humano
É o teu fedor que decompões na cama,
Quem estarás em podridão que inflama?
Mas sofrerás intensamente ao dano.
Autor: Lucas Munhoz - (01/09/2015)