A INTERJEIÇÃO QUIETA BOA NOITE
A INTERJEIÇÃO QUIETA
BOA NOITE
Boa noite
benzida com teu gosto
sentida ferida
do desgosto
de ver uma flor
voar tão alto
e deixar penas
servidas impuras
mentiras deixadas
sobre a mesa
boa noite
sincera desvalida de mim
em poças secas
sugadas poeiras
dispersa a vontade
de quem invade
um caminho perverso
do verso escrito
anverso com sangue
descrito
em meus lábios
boa noite
maldito amor construído
paredes belas viscosas
do que a pouca
desgosta o ouvido
do outro lado
sentido o selvagem
grito possuído
dela propondo
que eu morra
que morra deixando
meu gosto dentro
dela
boa noite
escudo de vidro
da saudade que vai indo
num vestido florido
tarde tão bela
da saudade embaçada
nos olhos de vidro
quebrado
quando por baixo
ia-me subindo
suspiro mastigado
de palavras trêmulas
pedindo
que suba de pressa
preciso sentir
a leveza do abismo
ecoar
sem demora ecoar
com pressa
tudo foi tão depressa
represa aguarda
deságuas do que ficou perdido...